…Não é a arte que precisa da crítica para ser arte. É a crítica que precisa da arte para ser crítica… …A crítica é necessária à arte, à afirmação da obra de arte. Esta afirmação passa pela crítica, é a verdadeira finalidade da crítica, a sua razão de ser, ou aquilo que lhe dá, por direito, uma função própria exclusiva. Crítica E arte, arte E crítica: neste E joga-se, a nosso ver, não uma mera relação extrínseca mas, uma correlação fundamental. Criar público. Promover o encontro possível entre a obra de arte e o(s) seu(s) público(s). Dar à obra o público que esta , de si, solicita, mas que, sem a mediação crítica, corre o risco de não encontrar. …A obra de arte genuína, como acontecimento que é, é também, no momento em que acontece, o não acontecimento por excelência: tanto menos visível quanto mais em ruptura com a cultura estética vigente. Porque a arte, a criação artística, não é cultura, mas uma actividade sempre contracultural: cria-se contra os padrões existentes, e para abrir um «possível» que lhes escapa. O cineasta Godard tem uma bela fórmula: se a cultura é regra, a arte é a excepção… …A arte moderna não é, em nenhuma das formas de expressão artística, superior à arte clássica, «em evolução» sobre ela, nem esta última superior à arte antiga. Se faz algum sentido falar de evolução na história das artes, é apenas na medida em que em todas as épocas a questão ou a «coisa» da arte nunca foi refazer o já feito mas, pelo contrário, fazer sempre outra coisa, fazer diferente.